HISTÓRIA DO DUMDUM CERERÊ
Esta é de arrepiar!!! E encantar!!!
"Era uma vez, em uma cidade pequenininha, tinha uma casinha pequenininha onde moravam duas pessoas, uma mulher com sua filha. Mas sua filha não tinha nome por que naquele tempo crianças malcriadas não recebiam nomes. E aquela menina...era bem malcriada!
Se a mãe dizia pra ela colocar os sapatos, ela andava descalça, se pedia pra varrer a casa, ela jogava o lixo no chão, pedia pra passear com o cachorro e ela deixava o pobrezinho preso,enfim, fazia tudo ao contrário do que lhe pediam, só pra fazer má-criação.
Até que um dia de sexta feira de lua cheia sua mãe lhe disse:
_Filha, hoje é sexta feira com lua cheia, não saia na rua a noite por que o Dum Dum Cererê pode aparecer.
A filha logo ficou ansiosa para que a noite chegasse, é claro que ela iria sair, só pra desobedecer a mãe.
Foi pra escola, estudou, lanchou brincou, olhou no relógio: 11h a.m. A hora não passava!!
Ela almoçou, ajudou a mãe, fez o dever: 15h
A menina então resolveu dormir para o tempo passar mais rápido.
Acordou era 19h, ha desta vez ela ficou feliz!
Se arrumou, tomou banho e saiu por volta das 20h.
Aproveitou que sua mãe estava fazendo tricô e adormeceu para sair devagarinho...devagarzinho....
Foi pra rua. Conversou com o pipoqueiro, com o primo da vizinha, o amigo do filho do sorveteiro...até que as pessoas começaram a ir pra suas casas...
A menina foi atrás de alguns vaga-lumes, e distraída acabou parando no meio de uma encruzilhada. Encruzilhada e no meio dela tinha uma bananeira. A menina que já estava com muita fome resolveu comer umas bananas.Quando desceu do pé de bananeira...ela começou a ouvir um som assim "Dum Dum Cererê Dum Dum Cererê..." e o som foi aumentando DUM DUM CERERÊ DUM DUM CERERÊ DUM DUM CERERÊ.
A menininha que já estava morrendo de medo tremendo com as mãozinhas no rosto sentiu um bafo quente em seu pescoço...
_Aiiiiii meu Deus, ai o que é isso atrás de mim?
Mas a menina atrevida que era resolveu olhar pra trás...quando ela olhou sabe o que ela viu??
Os dentes do Dum Dum Cererê!!! O Dundum é mais feio que o bicho hudo!
Você não conhece o bicho hudo??
Ele é barrigudo, orelhudo, pezudo, peludo, olhudo, narigudo, bigodudo, todo hudo!
E o Dundum era mais feio!!
_EU VOU TE COMER!!!!!
Disse o bicho.
_O seu Dundum o senhor ta com muita fome é?
_MUITA FOME!
_Então vamos na minha casa, que minha mãe fez uma broa de fubá maravilhosa! Vai me dizer que não gosta de broa de fubá?
_Eu gosto!!
_Então vamos lá, você come a broa, se ainda estiver com fome ai você me come!
_Tudo bem então.
É claro que aquele era um plano da menina que além de levada era esperta! Quando ela entrasse para pegar a broa, ela trancaria a porta e deixaria o bicho la fora.
Chegando em sua casa ela cantou:
_MINHA MÃE, MINHA MÃEZINHA - DUM DUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUM DUM CERERÊ
ACODIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUM DUM CERERÊ
A Mãe quando viu a filha ficou feliz, mas quando viu aquele bicho ENORME atrás dela cantou assim:
_MINHA FILHA, MINHA FILHINHA - DUMDUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUMDUM CERERÊ
EU BEM TE DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUMDUM CERERÊ
_EU VOU TE COMER!!!!!! (Gritou o bicho)
_Ca-calma seu Dundum...o-olha na casa da minha madrinha tem uma fornada de pão de queijo...Vai me dizer que não gosta de pão de queijo?
_Eu goosto.
_Então, nós vamos lá, você come tudo, se ainda estiver com fome, você me come.
_Ta bem, então vamos!
Chegando lá a menina começou a cantar, bem alto porque a madrinha dela era surda:
MINHA MADRINHA, MINHA MADRINHA - DUMDUM CERERÊ
ME ABRE A PORTA - DUM DUM CERERÊ
QUE UM BICHO TAMANHO - DUNDUM CERERÊ
QUÊ ME COMER - DUM DUM CERERÊ
A madrinha quando viu a afilhada, ficou feliz, mas quando viu aquele bicho horrível cantou assim:
MINHA AFILHADA, AFILHADA - DUM DUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUM DUM CERERÊ
SUA MÃE TE DIZIA - DUM DUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUM DUM CERERÊ
_EU VOU TE COMER!!!!!
_Pe-pe-pera ai seu Dundum...minha avó fez um pudim de leite....vai me dizer que não gosta de pudim de leite?
_Gosto...
_Então, você come o pudim, se ainda estiver com fome, você me come.
_Ok.
Chegaram na casa da avó a menina cantou bem baixinho, porque a avó dela era surda ao contrário, só ouvia se fosse beem baixinho...
_MINHA VÓ, MINHA VOZINHA - DUM DUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUM DUM CERERÊ
ACODIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUM DUM CERERÊ
Mas a avó não estava em casa...e não tinha nem avó, nem mãe, nem madrinha pra salvar a menina.
O Dum Dum Cererê pegou a menina levou pra esquina e quando abriu aquele bocão, com aqueles dentes enormes e verdes...ele olhou pra um lado, olhou pro outro e resolveu não come-la ali porque tinha muita gente....
Levou-a então pra aquela mesma encruzilhada, a mesma onde ele apareceu.
Mas quando ele estava prestes a devorar a menina, eles começaram a ouvir um barulho assim: XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM e o barulho foi ficando cada vez mais forte.
O Dum Dum Cererê resolveu ver o que era, amarrou a menina na bananeira e saiu.
De repente a menina começou a ouvir: "SOCORROO, AIIII SAI PRA LA!!" Eram os gritos do Dum Dum.
Silêncio...
A menina estava la tremendo igual vara verde quando sentiu uma mão fria em seu ombro.
_Aiiiii meu deus outro bicho! se ele pegou o Dum Dum Cererê imagina o que não vai fazer comigo?
quando ela olhou pra trás adivinha quem era?
Sua mãe!
Ela havia fervido um caldeirão cheio de óleo e foi arrastando pela estrada ate achar o bicho, por isso o barulho XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM.
A menina ficou muito feliz e desde esse dia ela nunca mais foi desobediente, e ganhou até um nome: Maria Carolina.
E todos viveram felizes para sempre!
DUMDUM SERERÊ
No tempo em que o QUIBOMBO, QUIBOMBO GERÊ
QUIBOMBO TERERÊ, ou BICHO POMDÊ ou DUMDUM DERERÊ
Ou para os íntimos DUMDUM CERERÊ
Andava pelas ruas, pelos caminhos, comendo crianças, nenhuma menina, nenhum menino, podia sair, a noite e nem de dia de casa sozinho. Acontece que morava lá na roça, uma menina e sua mãe. De dia a mãe até deixava essa menina sair, moravam as duas sozinhas, o pai trabalhava em outra roça longe, e a menina era muito atenciosa, e a mãe era muito cuidadosa com sua filhinha, então a mãe avisara, muita atenção, muito cuidado. E ela saia, saia pra plantar couve, colhê couve, planta banana, colhê banana, planta milho, colhe milho, pra ver os bichos da mata próxima, brinca nos galhos da jabuticabeira, pega pedrinha para sua coleçãozinha, para olhar as nuvens, fica deita na grama horas olhando os desenhos das nuvens, um olho nas nuvens e outro olho no sol, para nunca se atrasar. Agora de noite, de noite não, não se podia sair de casa definitivamente, acontece que a noite lá naquele lugar, na roça, era muito especial, uma brisa fresquinha, perfumada, com cheiro de alecrim do campo, da dama da noite, de todas as rosas, junto com esse cheiro de vez em quando vinha um cheiro de maresia, é um cheiro de mar, e esse cheiro era tão forte, parecia que a brisa carregava uma onda inteira com seus peixes, suas algas e sua espuma, o mar estava muito distante dali, e a menina não conhecia o mar. Então, numa noite em que a lua despontou enorme, branca cheia redonda, essa menina não resistiu, e na calada da noite, ela se levantou, sua mãe roncava, caminhou pé-ante-pé, abriu a porta lentamente, e lá estava a noite inteirinha esperando por ela, quando ela pós seus pés descalços naquela areia morna, e ela foi andando, e foi andando, e o seu desejo de ser feliz a levou longe, muito longe, e os vaga-lumes dançando ao redor dela, as cobras, os sapos, as corujas, os morcegos, os bichos da noite, que ela ainda não conhecia, estava cantando para ela. Até que ela chegou numa encruzilhada, um caminho pra esquerda, outro caminho para direita e uma bananeira no meio, ela olhou para a esquerda, olhou para a bananeira, olhou para a direita, e nesse pequeno momento de indecisão, o DUMDUM CERERÊ se aproximou dela, ela não podia sentir aquele cheiro fedorento, porque o perfume da noite era mais forte, HUM-HUM-HUM-HUM, e ela não podia ouvir o HUM de DUMDUM CERERÊ, porque o cantos dos animais da noite era mais forte, HUM-HUM-HUM-HUM, e ela não podia ver aquele buraco enorme nas costas daquele bicho peludo, abrindo, HUM-HUM-HUM-HUM e fechando, HUM-HUM-HUM-HUM e ele foi se aproximando dela por trás e heap, e montou nas suas costas, a menina saiu correndo em disparada, sem querer olhar para trás, e o BICHO DUMDUM SERERÊ preso nas costas dela, e ela arrastando o bicho juntou todas as suas forças para cantar assim:
MINHA MÃEZINHA - DUMDUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUMDUM CERERÊ
ACUDIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUMDUM CERERÊ
MINHA MÃE ME DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE NÃO ANDASSE DE NOITE - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO PONDÊ
PODERIA ME COMER - DUMDUM CERERÊ
Até que ela parou em frente da casa da madrinha dela, era a casa da madrinha dela, com certeza, aquela casa de barro batido, cerquinha de madeira e chão de terra varridinho, era a casa da madrinha dela, e ela então pediu ajuda a madrinha dela, mas pediu cantando:
MINHA MADRINHA, MINHA MADRINHA - DUMDUM CERERÊ
ME ABRE A PORTA - DUMDUM CERERÊ
QUE UM BICHO TAMANHO - DUMDUM CERERÊ
QUÊ ME COMER - DUMDUM CERERÊ
E A MADRINHA DELA RESPONDE:
MINHA AFILHADA, AFILHADA - DUMDUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUMDUM CERERÊ
SUA MÃE TE DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUMDUM CERERÊ
E a menina não desistiu não, ela continuou cantando e com a força do canto, ela continuou arrastando o bicho pela estrada de terra afora:
MINHA MÃEZINHA - DUMDUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUMDUM CERERÊ
ACUDIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUMDUM CERERÊ
MINHA MÃE ME DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE NÃO ANDASSE DE NOITE - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO PONDÊ
PODERIA ME COMER - DUMDUM CERERÊ.
Quando ela parou naquela casa caiada de branco, de janela amarela, com jardineiras, com gerânios vermelhos plantados, ela reconheceu, era a casa dela, a casa em que ela tinha nascido, a casa da mãe dela, ela se encheu de entusiasmo, e cantou, mas desta vez ela cantou forte, mas muito mais forte,
MINHA MÃE, MINHA MÃEZINHA - DUMDUM CERERÊ
ME ABRE A PORTA - DUMDUM CERERÊ
QUE UM BICHO TAMANHO - DUMDUM CERERÊ
QUÊ ME COMER - DUMDUM CERERÊ
Mas ela cantou muito mais forte que isto, ela cantou duas vezes e desta vez ela cantou com uma força que vinha lá de dentro do fundo do coração:
MINHA MÃE, MINHA MÃEZINHA - DUMDUM CERERÊ
ME ABRE A PORTA - DUMDUM CERERÊ
QUE UM BICHO TAMANHO - DUMDUM CERERÊ
QUÊ ME COMER - DUMDUM CERERÊ
E a mãe dela respondeu assim bem baixinho:
MINHA FILHA, MINHA FILHINHA - DUMDUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUMDUM CERERÊ
EU BEM TE DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUMDUM CERERÊ
E naquele instante tudo ficou mudo, as cobras, os sapos, as corujas, os morcegos, todos os bichos da mata pararam de cantar, ficou tudo no mais completo silêncio. A lua se cobriu sozinha, até o cheiro das flores desapareceu. E aí só se ouvia um barulho assim, XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM, XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM, era o DUMDUM CERERÊ arrastando a menina e fazendo HUM-HUM-HUM-HUM, em direção a mata, e a mata nem se mexia, e de repente um ronco surdo saiu de dentro da garganta daquele animal, e aí num pulo ele largou a menina e saiu gritando para a mata dentro, a menina ficou ali no chão, caída ali no chão, tremendo que nem vara verde, e com os olhos esbugalhados de tanto medo, que que teria assustado aquele bicho tamanho, será um bicho maior ainda, o coração dela quase saltando pela boca, e aí ela ouviu passos que vinha na sua direção, e essa coisa se aproximou dela, ela sentiu que agachava perto dela, chegava perto do ouvido dela, e disse o seguinte: minha filha, vamos para casa. Era a mãe dela, que tinha acabado de jogar um caldeirão de água fervendo nas costas do bicho e fincado um espeto na bunda do bicho. Agora a mãe e afilha viverão felizes por muitos e muitos anos. Agora o DUMDUM CERERÊ nunca mais se ouviu falar nele por aquelas redondezas. Ninguém sabe por onde ele anda. Agora a história acaba aí, mas tem uma coisa, se por acaso algum de vocês começar a sonhar com esse bicho, perder noites de sono, achar que esta sendo seguido por uma escuridão, vocês façam o seguinte, é fácil, fácil, vocês pegam uma folha de papel, e desenham lá no meio o DUMDUM CERERÊ, e em volta você colore tudo tudo, não deixa nem um gretinha, nada, fazem uma prisão para o DUMDUM CERERÊ que é incapaz de fugir dali, aí você ponham numa moldura, num quadro, e dependuram no quarto, ou então cante, porque que canta seus males espanta.