Texto:
Flor de Maio
Maria Cristina Furtado ( Adaptação )
A borboleta nascera sem
um pedaço das asas. Não podia andar, não podia voar. Ficou ali, na beira do caminho,
desesperada e chorando muito, até aparecer uma formiga:
- Que aconteceu, linda
borboleta? Por que você está chorando tanto?
- Jogaram inseticida em
meu casulo. Não morri, mas minha asa cresceu defeituosa, por isso não consigo
voar e muito menos andar, pois perco o equilíbrio e caio.
Antes que a formiga
dissesse qualquer coisa, chegou junto delas uma cigarra tocando viola e
cantando. A formiga narrou para a recém-chegada a trágica história da borboleta
e a cigarra logo encontrou uma maneira de ajudar.
- Vamos procurar uma
varinha e fazer dela uma muleta, para que nossa nova amiguinha possa andar.
Depois nós a levaremos ao Doutor Grilo, a fim de que ele conserte sua asa.
Assim fizeram. Porém, o
Doutor Grilo nada pôde fazer para a infeliz e recomendou-lhes que fossem à
procura de um mágico que morava no alto da montanha.
- Talvez ele consiga
sará-la, mas, para chegar até ele, vocês têm que superar o medo.
- O medo! – se
espantaram. – Mas como?
- Ele tem um grande e
esperto sapo que devora qualquer inseto que por lá aparece. O sapo sente cheiro
de medo e, através de seu faro apuradíssimo, descobre o invasor e devora-o.
- Vamos desistir – disse
a borboleta.
- De jeito nenhum,
estamos tentando salvá-la e conseguiremos – disseram, por sua vez, a formiga e
a cigarra.
Não quero arriscar a vida
de vocês. Já fizeram muito por mim. Com essa muleta poderei andar e conseguir
alimento.
- Nem pense nisso. A vida
de uma borboleta é voar. Tentaremos até o fim-insistiu a cigarra.
E lá foram as três,
tentando dominar o medo que os apavorava.
Já era tarde, quando
chegaram ao alto da montanha. Logo viram o guardião dormindo a um canto do
bosque. Pé ante pé, procuraram andar silenciosamente.
- Quem está aí? Sinto
cheiro de medo. Acho que vou matar, agora, minha fome.
A formiga, muito esperta
e matreira, foi logo respondendo.
- Não há ninguém aqui: É
apenas o ronco de seu estômago que o acordou.
O sapo voltou a dormir e
elas atravessaram aquela parte do bosque.
- Boa tarde, senhoritas.
Que desejam?
- O senhor deve ser o
mágico. Estamos aqui à procura de um tratamento para mim. Veja, falta-me uma
parte de uma das minhas asas.
- Não sou mágico, apenas
um grande estudioso, que se tornou apenas sábio e as pessoas confundem
sabedoria com mágica.
- O doutor examinou a asa
partida da infeliz e disse-lhe que em maio nasceria uma flor de pétalas finas e
delicadas e então ele tentaria operá-la, costurando-lhe, na asa, a pétala dessa
flor.
As três ficaram morando
no alto da montanha até chegar o mês de maio.
Numa manhã de sol claro e
céu azul, o doutor Coruja acordou com o grande alvoroço que vinha do bosque.
Curioso, foi verificar o motivo daquela algazarra.
Os habitantes do bosque
festejavam o nascimento da bela flor de maio.
O sábio chamou
imediatamente a borboleta, colocou-a na mesa de operação e iniciou o trabalho.
Do lado de fora, a
expectativa era geral.
Depois de algum tempo, a
borboleta saiu amparada pelas duas fiéis amigas. Em seguida subiu numa pedra e
tentou voar. Não conseguiu mas não desanimou. Tentou várias vezes, até que, ajudada
por uma suave brisa, pairou no ar e saiu voando.
A formiga comentou:
- Coitadinha, vejam como
voa torta!
Imediatamente, a
borboleta cantou:
“Se você vir uma borboleta voando torta, não ria,
não tenha pena. Sou eu, a superar a mim mesma...”
FONTE:https://professoraivaniferreira.blogspot.com/2011/03/texto-flor-de-maio.html