SETEMBRO
“Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam
seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam!
Encantam-se com tudo. Para eles o mundo é assombroso. Gosto também de
banho de cachoeira (no verão…), da sensação do vento na cara, do barulho
das folhas dos eucaliptos, do cheiro das magnólias, de música clássica,
de canto gregoriano, do som metálico da viola, de poesia, de olhar as
estrelas, de cachorro, das pinturas de Vermeer (o pintor do filme “Moça
com Brinco de Pérola”), de Monet, de Dali, de Carl Larsson, do repicar
de sinos, das catedrais góticas, de jardins, da comida mineira, de
conversar à volta da lareira.Diz Alberto Caeiro que o mundo é para ser
visto, e não para pensarmos nele. Nos poemas bíblicos da criação está
relatado que Deus, ao fim de cada dia de trabalho, sorria ao contemplar o
mundo que estava criando: tudo era muito bonito. Os olhos são a porta
pela qual a beleza entra na alma.”
Rubem Alves
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